ACAPO - Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal

07-10-2021

Após uma noite de chuva intensa, com os trovões a iluminar o céu, o tempo brusco decidiu pausar, permitindo ao sol aparecer para abrir o caminho num pequeno jardim (ao pé da associação) que serviu de local de embarque para a jornada com os participantes da ACAPO. Contudo, a imagem não é para eles o mais importante.

A primeira caminhada em silêncio marcou-se pelo arrastar das bengalas no chão, formando uma sinfonia e um tilintar interessante, juntamente com os pássaros, as folhas a estalar, galos, o vento e a brisa a arrastar as folhas das árvores e ao fundo o barulho da cidade com brocas, cortadores da relva, carros, entre outras maquinarias.

A primeira caminhada em silêncio marcou-se pelo arrastar das bengalas no chão, formando uma sinfonia e um tilintar interessante, juntamente com os pássaros, as folhas a estalar, galos, o vento e a brisa a arrastar as folhas das árvores e ao fundo o barulho da cidade com brocas, cortadores da relva, carros, entre outras maquinarias. 

Nesta viagem, a insegurança e o confortável inverteram-se perante os padrões da sociedade e a audição ganhou camadas profundas, em contraste com elementos mais sensíveis, onde se entende que o simples barulho de água ou do ar podem tornar-se assustadores, ao passo que os barulhos terrestres tornam-se sinónimos de segurança e estabilidade: a solidez da matéria e da madeira.

A distinção das sensações entre o visível e o não visível e a mudança entre memórias de tempos antigos veio sublinhar, num espaço de partilha falada, os comportamentos humanos em diferentes ocasiões: O medo pelo medo; mas também a segurança pela segurança. "Se não virem, será que continuam desconfortáveis? O desconforto é visível ou não é? Se apenas ouvimos e sentimos, o nosso ponto de conforto é o mesmo?".

Quando se trabalha o silêncio, começa a desconstruir-se as camadas sonoras, ganhando profundidade ao longo dos vários espectros da cidade e do contraste para uma zona mais natural, ainda assim corrompida pelos elementos humanos. 

- A atividade foi desenvolvida no decorrer do «Mão em Mão», no âmbito do Azores 2027, em parceria com a CRESAÇOR - Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL.

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